O glamour de ser "chef"

A profissão de cozinheiro já passou por diferentes períodos de valorização no Brasil. Há mais de 30 anos, as pessoas julgavam que trabalhar na cozinha era uma profissão para renegados. Muito diferente de hoje: trabalhar na cozinha é motivo de orgulho e sofisticação. Passamos pela ponte de “peão” para “chique”.

No início, por volta da década de 70, havia uma discriminação total no Brasil. Confesso que além de gostar muito de cozinhar, convivi com familiares e grupo de amigos que se reuniam todos os fins de semana para cozinhar, era um lazer entre amigos.

Após os anos 50 muitos chef estrangeiros vieram trabalhar no Brasil. Mas o reconhecimento de que ser chef de cozinha era uma grande profissão só aconteceu quando a mídia começou a projetá-los. Isso ocorreu a partir da década de 80. Graças ao crescimento do turismo e turismo de negócios no Brasil, a demanda por profissionais no mercado horeca foi ampliada. Isso ajudou a valorizar o nosso trabalho.

Com a chegada dos cursos universitários de gastronomia houve uma enxurrada de pessoas que procuraram se especializar para tornarem-se “chefs”. Entre eles, muitos empresários, jornalistas e restaurateurs colocaram um dolman e saíram por aí para desfilar como chef.


Tenho observado que muitos jovens tem andado vestido de chef por lugares inapropriados. Estão pelas ruas, supermercados e nas escolas até mesmo sentados pelo chão ou em jardins. E o pior, desfilando com a roupa não muito limpa. Não parece apropriado para um futuro chef andar com o uniforme fora do seu local de trabalho (a cozinha) o que vai contra as boas práticas. Lembrando que as regras do HCPP devem estar em primeiro lugar.

Entende-se perfeitamente que as pessoas tenham orgulho de ser um profissional da gastronomia. Porém as regras devem ser cumpridas, sagradamente, assim como no Exército. É correto ter orgulho do ofício, mas o uniforme deve ser exclusivamente restrito à cozinha.

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